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Uma das principais lições que aprendemos na nossa carreira de corredores é a ouvir o nosso corpo. Já perdi o número de vezes que, ao correr, subtis sensações físicas me deram a entender exactamente o que estava a passar com diferentes partes de mim. Um ligeiro cansaço reflectido no ritmo da respiração, ligeiras dores de esforço nos membros inferiores ou mesmo cansaço ligeiro em termos de focagem dos olhos - tudo isto pode indicar que a corrida deve ser ajustada em tempo real para que não tenhamos lesões.
No dia-a-dia podemos aplicar os mesmos princípios. Penso que os corredores são especialmente habilitados para ouvir o seu próprio corpo, pois deixamos de poder ignorar os sinais às vezes mínimos, que ele nos transmite. Seja uma ligeira dor de costas, uma dor de cabeça ou um stress localizado muscular, o corredor experiente aprende a entender o significado de todos eles e como lidar com eles, muitas das vezes com antecipação face a uma "pessoa normal".
Esta é, penso, uma das grandes vantagens desconhecidas de correr.
Atenção: Se sofre de uma dor persistente e aguda, leia isto: pode ter fascite plantar.
As dores nos pés são, provavelmente, as dores mais frequentes em quem corre. E isso compreende-se se tivermos em conta que são precisamente os pés que estão sempre em contacto com o solo durante a corrida e são eles quem sofre o primeiro impacto com este. Embora os nossos pés sejam autênticas maravilhas de engenharia biológica, não são indestrutíveis, como bem saberão todos aqueles que já acabaram uma corrida com um desejo ardente de os tirar de dentro dos tênis e os pôr rapidamente a respirar.
Uma boa maneira de proteger os nossos pés é ter uma higiene básica com eles. Cortar as unhas, mantendo-as nas dimensões mínimas é - quanto a mim - muito importante, dimunuindo a probabilidade de lesões entre os dedos. Há que também levar em conta a escolha de meias, existindo no mercado já boas opções, sobretudo aquelas com tecido micro-perfurado (à semelhança do usado nas t-shirts). Se os tênis usados foram também micro-perfurados, esta combinação permitirá que os pés "respirem", diminuindo a temperatura dos mesmos ao longo do treino. Pés mais frescos são pés mais saudáveis, com menor tendência a inchar como resposta natural ao impacto no solo.
Depois da corrida há boas opções para refrescar de imediato os pés e tirar a sensação de cansaço e ardor na sola dos pés. Eu aconselho vivamente um spray de menta da Body Shop, que é 100% natural e serve na perfeição como paleativo para pés cansados.
Há um slogan de uma companhia de artigos de desporto, de há uns anos, que me ficou na memória porque penso que ilustra bem o espírito de um corredor. Era mais ou menos assim: "custa-te mais quando vais correr ou quando não vais correr?".
Há muito de psicologia na corrida e sobretudo no sucesso de uma corrida ou de um treino. Claro que sem forma física não conseguimos ter resistência, nem força muscular suficiente, mas os outros 50% são os obtidos através da nossa preparação mental. Mas comecemos pelo princípio. Quem corre sabe bem que há um primeiro obstáculo mental que todos temos de ultrapassar: a vontade de não ir treinar. ;)
Podem bem dizer que adoram correr, que mal podem esperar por acordar cedo para vestir o equipamento e sair porta fora, mas a verdade é que todos os corredores têm sempre aquele sentimento de "hoje não vou, vou amanhã", por muito que gostem de correr. Há uns dias melhores do que outros, mas na realidade nós temos sempre aquela contra-vontade em relação ao exercício físico, simplesmente porque podemos optar por não ir. E isto é uma barreira psicológica importante. E o que nos faz ir - na maior parte dos casos - vem daquele slogan que eu invoquei há pouco. Não irmos traz tanto ou mais sofrimento do que ir correr.
O facto é que correr é difícil. Cansa-nos, faz-nos levar o corpo ao limite. Por muito que isso tenha benefícios.
Mas para quem ultrapassa esse primeiro obstáculo, há que pensar nos seguintes. Durante a corrida podemos optar por não ir demasiado depressa. Podemos optar por distância reduzidas, para voltar para casa mais rapidamente, etc... Todos estes obstáculos são mentais, como é mental a maneira como potenciamos a nossa distância. Um corredor forte mentalmente consegue abstrair-se melhor da dor, do esforço e dos problemas do dia-a-dia que podem influir na sua corrida. Outros corredores podem não ser tão fortes e não conseguem simplesmente correr se têm problemas, ou se o dia correu muito mal.
Tudo isto para chamar a atenção para o facto de que muito do nosso sucesso a correr depende da nossa mente, tanto quanto depende das nossas pernas. É importante pelo menos reconhecer isso e saber conscientemente que uma boa forma física tem de andar lado-a-lado com uma boa forma mental. Exercitar e relaxar a mente é tão importante como fazer os alongamentos correctos antes e depois de correr :)
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