A Corrida do Tejo está quase aí (é já no próximo fim-de-semana), pelo que pensei que seria uma boa ideia analisar o percurso e tentar dar algumas dicas das melhores maneiras de o abordar, sobretudo de uma perspectiva de evitarmos lesões e potenciarmos os nossos tempos.
Mas antes disso há que falar no aquecimento e na partida.
Quando chegarem a Algés (ponto de partida) façam um pré-aquecimento. Basta encontrarem uma árvore ou uma parede e fazer os alongamentos de que já aqui falámos. Bastam 2-3 minutos. Não se preocupem muito por terem de arrancar a frio, porque, se partirem de trás, vão ter de andar uns minutos antes de começarem a correr.
A partida da Corrida do Tejo ocorre em Algés, perto da estação da CP e é sempre uma grande confusão. Sempre são 10.000 pessoas! Eu vou partir no final do pelotão, com a maioria dos concorrentes, porque os meus tempos nos 10K não são nada de especial, e é de esperar sempre uma partida muito lenta - a andar. Os primeiros minutos são feitos a ultrapassar concorrentes mais lentos e eu aconselho que se coloquem para um dos lados, para terem hipótese de começar sequer a correr.
A saída de Algés é fácil e plana, ao lado do percurso do comboio. Os "problemas" começam com a subida do Alto da Boa Viagem (ver imagem em cima, retirada do site oficial da corrida). A subida não é nada de extraordinário, mas o problema é que o esforço em plano não é de todo igual ao esforço em inclinação - particularmente para tendões laterais na anca e nas pernas. Se estiverem, como eu, habituados a um treino regular em plano, não é de todo aconselhável fazer subidas em esforço. É preciso ter calma e desacelerar. Só há duas subidas mais difíceis, esta, logo no início e a outra no final da corrida. Nas duas o meu conselho é mesmo desacelerar e ter calma, mesmo que isso signifique deixar outros passarem por nós - podemos sempre recuperar lugares nos percursos mais planos.
O resto do percurso é bastante plano. O importante, quanto a mim, é ir escolhendo o piso. Temos os passeios - pedra mais ou menos regular - e o alcatrão. Eu não sou particular fã do alcatrão, mas isto varia muito de pessoa para pessoa. O meu conselho é irem vendo como o corpo está a responder e sobretudo lerem as vossas próprias reacções musculares. Nas subidas os passeis podem ser uma boa opção - por questões de tracção, mas além disso não há muito mais a dizer.
Quanto aos reabastecimentos, há vários ao longo do percurso. Novamente isto pode ser muito subjectivo: eu não bebo água durante uma corrida, mas não posso dizer nada em contrário em termos de saúde física. Na última vez que fiz a Corrida do Tejo servi-me dos abastecimentos sobretudo para refrescar a cabeça e o peito, despejando a água. Mas para pessoas que desidratam com maior facilidade, ou que estão habituadas a distâncias mais curtas que os 10K, a hidratação pode ser muito importante. Como em tudo o que tem a ver com a corrida, o essencial é saberem ler o vosso próprio corpo e sentirem o que ele vos está a pedir.
Só uma nota final sobre ritmos.
Numa corrida de 10K é impossível ter um ritmo sempre igual. Penso mesmo que seja uma regra para qualquer corrida. É importante ter a noção do que queremos fazer, se queremos só ter o prazer de ver a paisagem e desfrutar e não ligar os tempos, ou queremos uma corrida rápida e eficaz... neste último caso, o meu conselho vai para que se concentrem em aumentar ritmos com a altimetria plana e desacelerarem bastante nas subidas (a menos que tenham treino consistente em piso inclinado/cross country). E nada de explosões finais, porque no final temos uma subida e isso pode causar uma lesão grave nos corredores menos preparados. Mais vale ir acelerando ao longo do percurso - nas descidas e no plano - para depois no final acabarmos com calma.